Fonte: Valor Economico
Por Fatima Fonseca
Para especialista, brasileiros começam a experimentar a segunda onda de conexão com dispositivos que se integram de forma mais ampla
Robôs domésticos, fechaduras inteligentes, dispositivos para comandos de voz que acionam refrigeradores e máquinas de lavar roupas já fazem parte dos utensílios de uma casa moderna. Mas as novidades continuam, com ferramentas que melhoram a conexão da rede wi-fi no ambiente, para que a casa conectada seja, cada vez mais, controlada por comandos de voz e aplicativos de smartphone, mesmo que o morador esteja do outro lado do mundo.
“Acredito na tendência de ver cada vez mais a automação residencial, com mais dispositivos conectados, seja no sentido de estarem mais acessíveis, seja de novas tecnologias”, diz Talita Taliberti, country manager da Alexa no Brasil, a assistente de voz da Amazon. Ao debater a era da casa conectada no Futurecom, ela disse que já existem mais de 650 dispositivos compatíveis ou integrados ao sistema e anunciou que, em breve, a Amazon vai lançar o protocolo Matter, para que mais dispositivos estejam conectados com devices de diferentes empresas.
“A casa do futuro vai estar cada vez mais integrada, não apenas os eletrodomésticos entre si, mas também com outros dispositivos que agreguem informações sobre saúde física, mental e financeira, além de facilitar cada vez mais tarefas do dia a dia, como compras, manutenção e reparos”, afirma Ricardo Rizzo Takeyama, gerente de TI da Electrolux.
José Ricardo Tobias, responsável pela Positivo Casa Inteligente, avalia que o Brasil ainda está na primeira onda da casa conectada, mas que o conceito de IoT já faz parte do dia a dia. “Os brasileiros começam a vivenciar a segunda onda, quando os dispositivos passam a ser parte de um ecossistema maior. A lâmpada começa a fazer parte da automação da sala, junto com outros dispositivos conectados, que se integram por uma plataforma ou por protocolos.”Na sua visão, a principal diferença para a terceira onda é que, na segunda, os dispositivos ainda demandam uma ação do usuário e na terceira entra massivamente o uso de algoritmos de inteligência artificial. “As máquinas vão aprender as preferências dos usuários, com técnicas de machine learning, e vão antever as necessidades do morador”, comenta Tobias.
Ele acredita que a robótica vai ser mandatória na terceira onda, seja para entender melhor os ambientes, seja para suprir funções especificas. Dá como exemplo robôs com câmeras múltiplas que monitoram o ambiente, ou um robô que pode, por um comando de voz, pegar um objeto na cozinha e levar para o usuário na sala. Taliberti, da Amazon, também aposta nos robôs. “Em 30 anos, todas as casas terão algum robô ajudando, com alguma tecnologia que ajude e mais dispositivos.”
Para que dispositivos domésticos inteligentes funcionem é necessário conexão de qualidade. “É preciso uma infraestrutura de rede adequada para suportar aplicações atuais e futuras, como videogames de última geração, que demandam alta velocidade de acesso à internet e baixa latência, assim como serviços de realidade virtual e vídeo”, explica Jesus Barrios, gerente da CommScope para redes domésticas.
A chinesa C-Data Technology apresentou no Futurecom uma ONU (Optical Network Unit), semelhante a um modem para wi-fi, que traz embarcado um software e, por meio de um aplicativo, faz a conexão com as câmeras, com eletrodomésticos, ar-condicionado e outros equipamentos da casa. Pelo celular, de qualquer lugar, o usuário programa as tarefas para o equipamento. “Estamos finalizando os testes e a novidade chega ao mercado brasileiro em dois meses”, informa Sergio Cabral da Silva, da C-Data.
Eduardo Neger, presidente da Associação Brasileira de Internet (Abranet), nota que, diferentemente de um ambiente corporativo, que conta com apoio de especialistas em TI, no caso da casa inteligente o usuário é leigo e não se dá conta de que está sendo monitorado por uma câmera ou outro dispositivo. Ele acrescenta que a responsabilidade da segurança tem que ser do fabricante ou do desenvolvedor do aplicativo. “É o chamado security by design, ou seja, o dispositivo tem que ser projetado para ser seguro independentemente de quem está usando.”
“Os fabricantes de equipamentos têm a obrigação de oferecer ferramentas que protejam a segurança dos dados do consumidor, que por sua vez precisam entender como usar adequadamente as medidas de proteção”, diz Barrios.
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