Autor: Eng. Fernando Santesso - Diretor de Projetos da AURESIDE
Alcançar
a eficiência energética em uma edificação é sempre um desafio, pois cada
projeto tem peculiaridades que podem ser definidas por sua localização, arquitetura,
material, processo construtivo, ocupação e finalidade.
Esse
conjunto de características determinam o perfil de consumo energético da
edificação e sempre há um grupo de soluções possíveis para se alcançar um nível
superior de eficiência energética.
Logo,
o principal desafio para engenheiros e arquitetos é encontrar a resposta
adequada dentro dessas soluções que seja viável tanto do ponto de vista técnico
quanto do ponto de vista financeiro.
Para isso
costuma-se analisar a edificação sob a ótica de três grupos de soluções
possíveis: Passivas, Ativas e de Geração de Energia.
1- Soluções
passivas: São soluções desenvolvidas no projeto arquitetônico e materiais
envolvidos na construção a fim de torna-la mais eficiente no consumo e uso de
recursos.
2- Soluções
ativas: São conjunto de soluções que visão a eficiência energética do edifício
através de controle, gestão e equipamentos altamente eficientes.
3- Soluções
de Geração de Energia: São o conjunto de soluções possíveis para cogeração de
energia para o edifício a fim de reduzir seu consumo em rede.
O
sistema de controle e automação faz parte do grupo de soluções ativas que podem
ser implantadas em uma edificação para uma melhor performance energética.
Entretanto,
para que se possa alcançar êxito com uso de sistemas de automação para
eficiência energética, é importante que o projetista ou integrador de sistemas
siga alguns processos e etapas que garantam o uso eficaz da tecnologia.
Mapeamento do perfil de consumo
O
primeiro passo para se realizar um projeto de automação para eficiência
energética é medir e mapear o perfil de consumo do cliente. Como comentado
anteriormente, cada edificação tem o seu perfil de consumo e isso é definido
por uma série de variáveis que vão desse o seu processo construtivo até o seu uso
e ocupação.
O
perfil de consumo de um hotel, por exemplo, é totalmente diferente do perfil de
consumo de um escritório, que por sua vez difere do perfil de consumo de uma
residência. Entender e mapear esse perfil é, portanto, a base para projetar um
sistema de controle que tornará o uso da energia mais racional.
Dentro
dessa etapa de avaliação de consumo energético da edificação, o projetista ou
profissional responsável pela automação deverá seguir alguns processos para o
sucesso de suas conclusões, dentre eles:
·
Entrevistas com os usuários e responsáveis pela edificação:
O usuário é um fator chave para o sucesso de um projeto de eficiência energética.
Entender seu comportamento e interação com o edifício é fundamental para se
definir o nível de controle que deverá ser implantado a fim de economizar
energia.
·
Histórico de consumo: Obter o histórico de consumo da
edificação ajuda a entender as variações que podem ocorrer em épocas do ano e
mesmo se há oscilações ou distorções a serem observadas.
·
Documentações de projetos e sistemas instalados: Os projetos
de sistemas e equipamentos ajudam a entender quais os consumidores de energia
da edificação e definir estratégias de atuação sobre cada um dos sistemas.
·
Medições: Sempre que possível é importante realizar medições
direcionadas para identificar com mais precisão pontos críticos de consumo.
Implantação de Sistema de Automação e Controle
Tendo
mapeado o de perfil de consumo da edificação e identificado os sistemas com
potencial redução, é chegado o momento de implantar os sistemas de automação e
controle para ajudar a tornar o uso da energia mais racional.
Comprovadamente
os sistemas de automação predial têm impacto na construção de desempenho
energético de uma edificação em diversos aspectos. Por exemplo, os sistemas de
automação e controle (BACS) possibilitam o controle eficaz de aquecimento,
refrigeração, ventilação, água quente, sistema de iluminação, dentre outros, o que
aumentam a eficiência energética da edificação. Além disso, a implantação de
sistemas de automação permite que funções e rotinas de uso racional e econômico
de energia, que por vezes são complexas, possam ser configuradas no uso cotidiano
de um edifício dependendo de suas necessidades, e assim mitigando o desperdício
de energia.
Vale
ressaltar que a eficiência energética através do uso de sistemas de automação
não está direta ou proporcionalmente ligada ao uso extensivo e irracional da
tecnologia. É possível alcançar grau elevado de performance energética com
sistemas de automação relativamente simples e acessíveis. Por esse motivo é
importante que o profissional de automação oriente o cliente na melhor decisão
a ser tomada. Evitando assim o uso de sistemas complexos em situações onde os
sistemas mais simples alcançariam a mesma performance.
Gestão e Manutenção
Por
fim, a última e mais importante etapa, porém muito negligenciada por
projetistas, integradores e até mesmo gestores prediais.

Tais
sistemas fornecem informações para operação, manutenção e melhoria da
performance energética da edificação, oferecendo uma visão sobre melhorias e
possíveis desperdícios de energia durante o ciclo de operação da edificação.
O Projeto Integrado
As
etapas e processos brevemente descritos acima dão uma visão de que para se
obter sucesso com a implantação de um sistema de automação focado na melhoria
da performance energética é importante um estudo e planejamento das melhores
medidas a serem adotadas.
Essas
etapas sempre serão aplicadas em qualquer projeto de eficiência energética,
seja ele um retrofit ou uma nova edificação. Entretanto, quando falamos de
novas edificações é importante ressaltar a necessidade de um projeto integrado
de especialidades, tema esse que já foi discutido aqui por meu amigo e projetista
de automação, José Roberto Muratori.
O
projeto integrado permite um uso mais preciso e extensivo da tecnologia de
sistemas de automação e consequentemente um ganho no nível de eficiência da
edificação, pois permite aos sistemas de automação nascerem na concepção da
edificação e interagir com especialidades que dificilmente são possíveis em um
retrofit.
O que vem por aí?
O tema
eficiência energética predial é um tema debatido no mundo inteiro, visto que as
edificações são grandes consumidores de energia produzida e em um cenário onde
cada vez mais a cadeia de produção de energia se torna cara, é estratégico
economizar. Com certeza o Brasil tem dedicado esforços nesses debates através
de academias, associações de classe e do próprio governo, porém ainda está
muito atrás de nações europeias, por exemplo, onde já existente normatizações e
diretrizes que as obrigam a proporcionar eficiência energética em suas
edificações.
Espera-se
que nos próximos anos haja uma maior preocupação por parte de entes governamentais
e que os profissionais da cadeia de construção civil também se conscientizem da
necessidade de criarmos edificações de menor impacto energético. Com isso, toda
uma nova cadeia produtiva pode ganhar espaço e beneficiar não só o meio
ambiente, como também a economia.
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